Atingidos por Emboque e Granada apresentam pauta de reivindicações à Brookfield
Uma comissão com representantes das diversas comunidades atingidas pelas barragens de Emboque e Granada, construídas em Abre Campo (MG), recebeu a empresa Brookfield, responsável pelas obras, no acampamento Silvio Ziquita, nessa quinta-feira (22). Os atingidos apresentaram suas demandas à empresa e denunciaram a forma como foram tratados ao longo dos 15 anos da existência das barragens.
Cada representante apresentou as demandas urgentes das localidades, como a construção de estação de tratamento de água e esgoto, de fossas sépticas, de pontes e recuperação de casas danificadas. Também foram apresentadas pendências como a recuperação de estradas que, na imensa maioria, são ruins e perigosas. O acesso às cidades de Raul Soares, Abre Campo e Matipó foi muito prejudicado depois da construção das barragens.
Projetos coletivos de geração de trabalho, emprego e renda permanentes também estavam na pauta entregue aos representantes da empresa.
Os representantes reafirmaram o conteúdo do relatório aprovado em novembro de 2010 pelo Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana, vinculado à Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República, que constatou um padrão de violação dos direitos humanos na construção das duas barragens.
O diretor de meio ambiente da Brookfield, Antônio Fonseca, assumiu o compromisso de continuar o processo de negociação e afirmou que os erros cometidos pelas antigas donas das barragens, a Brascan e Cataguases Leopoldina, não serão repetidos. Foi marcada outra reunião no meio de outubro para o avanço das conversas e a constituição de um grupo de trabalho.
Durante a reunião, cerca de 200 atingidos da região se reuniram em uma assembléia popular no acampamento para acompanhar as negociações e protestar.
Thiago Alves, membro da coordenação estadual do MAB, avaliou positivamente a reunião, mas acredita, que para além de qualquer boa vontade, será a luta e a organização do povo que garantirão a vitória. “A conversa com a empresa foi animadora, mas não devemos ficar iludidos com boa vontade. O que vai garantir as conquistas será o avanço da organização dos atingidos e a construção coletiva das lutas populares como este acampamento. Foi por causa do acampamento Silvio Ziquita que a empresa esteve aqui” lembrou.
Haverá outra assembléia na segunda-feira (26) e na terça-feira (27) o INCRA irá ao acampamento cadastrar as dezenas de famílias atingidas sem terra que ainda esperam cadastramento na região.
Acampamento
O acampamento Silvio Ziquita, às margens do lago de Emboque, começou na terça-feira (20) e recebeu este nome em memória a um atingido que se enforcou devido à intensa pressão da empresa para abandonar a terra.
Um memorial foi construído no acampamento lembrando as dezenas de trabalhadores e trabalhadoras mortos diretamente ou indiretamente pelo processo de instalação das barragens.
Fonte: MAB
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