12 janeiro 2013

Político ficha-suja governa com filho em Caputira, na Zona da Mata de Minas Impedido de disputar as eleições por ter sido condenado por corrupção, pai do prefeito de Caputira despacha no gabinete de seu herdeiro: "Só estou gerenciando com ele", diz

Jairo Teixeira foi impedido de concorrer nas eleições pela Lei Ficha Limpa, mas comanda a prefeitura duas vezes por semana no lugar do filho, o prefeito Wanderson do Jairinho
 (Sidney Fotografias/Portal Caparaó/Divulgação) 



Jairo de Cássio Teixeira, o Jairinho, é um político ficha-suja. Foi condenado por corrupção e não se candidatou na última eleição por estar impedido pela Lei Ficha Limpa. Mas mesmo sem ter sido eleito pode ser encontrado na Prefeitura de Caputira, na Zona da Mata, participando de reuniões e despachando nos moldes dos prefeitos que conquistaram nas urnas vagas nas administrações municipais. “Fico só duas vezes por semana, mas é meu filho que é o prefeito. Só estou gerenciando com ele”, afirma Jairinho. A reportagem do Estado de Minas ligou duas vezes para o gabinete do prefeito de Caputira e não encontrou o filho de Jairinho, o Wanderson do Jairinho (PTB). Segundo o pai, presente nas duas ocasiões, o eleito estava na vizinha Abre Campo, em reunião no fórum da comarca.
Para o coordenador das promotorias eleitorais do Ministério Público de Minas Gerais, Edson Resende, a questão deve ser investigada, e, se for confirmada a atuação do ficha-suja no gabinete do filho, o prefeito eleito pode ser acusado de improbidade administrativa, pois está abdicando do cargo em favor de uma pessoa que não foi eleita. “Um estranho que não foi eleito não pode governar”, entende Resende.
O político ficha-suja foi prefeito de Caputira, na Zona da Mata, distante 285 quilômetros de Belo Horizonte, por dois mandatos, de 2000 a 2008. “Fui condenado em um processo por causa de um problema em uma licitação, quando trabalhava na Prefeitura de Alvinópolis”, explica. O filho de Jairinho, Wanderson, de 26 anos, foi eleito com 45,49% dos votos válidos. O segundo colocado foi Tiãozinho (PTC), que foi o vice-prefeito de Jairinho quando ele esteve formalmente no poder. Quando questionado, Jairinho diz que não exerce a função de prefeito, pois precisa trabalhar na empresa dele, promotora de eventos. 
A promoção de eventos, aliás, foi o motivo de Jairinho ter sido acusado de participar de uma rede de fraudes pelo Ministério Público Federal (MPF). Ele teve os bens congelados em dezembro  junto com mais de uma dezena de políticos e empresários. São todos acusados pelo MPF de terem praticado irregularidades em 19 convênios para a realização de festas, firmados com o Ministério do Turismo entre 2007 e 2009.

Juntos, os contratos movimentaram R$ 3,7 milhões. Dos convênios investigados pelo MPF e que são alvo da ação que determinou o bloqueio, 16 foram bancados com emendas de autoria do deputado federal João Magalhães (PMDB-MG). De acordo com o MPF, o congelamento dos bens tem por objetivo evitar que os acusados se desfaçam deles, garantindo assim o ressarcimento dos recursos desviados, em caso de condenação definitiva.
A investigação sobre irregularidades na aplicação das emendas parlamentares para a realização de festas no interior do estado teve início em 2008. O então procurador da República em Governador Valadares, Zilmar Drumond, começou a investigar uma licitação da Prefeitura de Central de Minas para a realização de uma festa na cidade. Muito antes da data prevista para o evento os artistas já haviam sido contratados e seus nomes estavam sendo anunciados nos cartazes de divulgação, que traziam a logomarca da empresa organizadora.
Esquema de fraudes 
O MPF instaurou um procedimento para apurar o caso e acabou descobrindo que o esquema era imenso e envolvia municípios em praticamente todo o estado, principalmente na Região Leste, área de atuação eleitoral do deputado João Magalhães. O desenrolar das investigações mostrou que as fraudes aconteciam não só em Minas, mas em todo o Brasil, e que contavam com a participação de deputados federais de diversos estados e empresas organizadoras de eventos. O desvio de recursos do Ministério do Turismo para o patrocínio de festas no interior do estado foi alvo, em 2008 e em 2009, de uma série de reportagens exclusivas do EM.

Fonte: Jornal Estado de Minas

Um comentário:

  1. Não vejo nada demais o Jairinho ajudar o Wanderson, uma vez que ja foi prefeito e diga-se por passagem, foi um dos prefeitos da região que mais ajudou a cidade de Caputira.O fato de ser ficha suja, chega a soar como ironia, pois existem muitos outros que foram prefeitos de fato e assumiram as prefeituras, tendo uma ficha extensa de processos.Na minha humilde concepção, isto é apenas um meio de tentar prejudicar o desempenho do Wanderson, sendo que obviamente todos ja sabiam quando iam votar, que o Jairo com sua ampla experiência estaria por trás sim, e não considero isto uma afronta com os seus eleitores.Hoje em um país que não existe mais honestidade, temos que ficar do lado de quem faz pro povo, pior são os que roubam e se esquecem da nação.Eu aplaudo a coragem e a garra do Jairinho, e sei que mais uma vez o povo será benefeciado no coletivo, o contrário da gestão anterior.Sejamos sensatos, alguem conhece algum político qua ainda não meteu a mão no nosso dinheiro?Neste caso todos estão em vantagens, e o fato de ser ficha não interessa, nunca haverá no mundo uma pessoa isenta de falcatruas se tiver um poder não mão.Não sejam hipócriatas, ele tem todo direito de ajudar seu filho sim, ja houve tantos casos parecidos, porque ele tem que ser julgado se ninguem nunca se preocupou com honestidade.

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